quinta-feira, 16 de agosto de 2012


                   O Discurso Alimentar E A Consciência                             Individual e Social

     A inteligência da virtualidade do símbolo e da representação pode oferecer um espaço de liberdade e mudança.
     Assim, retomando caminhos trilhados neste Blog, podemos buscar a reeducação da consciência individual e social, a partir de esquemas conceituais. Nesta dissertação/resenha serão expostos em   
paralelo os conceitos de Xico Graziano e Kenneth Rogoff, sobre:

Como relacionar coronárias, obesidade, saúde e educação alimentar sem avaliar nossa matriz de produção e consumo, face ao capitalismo contemporâneo?

     Em artigo de 26 de outubro de 2004(O Estado de S.Paulo, p.A-2), Xico Graziano, agrônomo brasileiro, coloca que "dietas mal balanceadas, ricas em carboidratos, encontram no sedentarismo sua escora. A televisão estriba a gordura." E "nunca se desperdiçou tanta comida, nem jamais se comeu tão mal"(idem, ibidem)
     A solução e medida correta é selecionar a mordida e gastar energia. Uma ótima oportunidade para o consumo de gêneros naturais. Suco de frutas substituindo com vantagem as bebidas artificiais; as verduras e os legumes auxiliando a digestão. Menos calorias, mais fibras. Pouca energia, muita vitamina.
     Priorizar portanto na política de nutrição urbana, o alimento natural, enaltecendo o produto caipira, o leite fluído, as frutas e os legumes na merenda escolar em cada município, porque a oferta acessível de produtos baratos passou a se transformar em problema e os novos hábitos influenciados pela propaganda caminham na contramão da saúde.
     Sabe-se a esse respeito que os produtos alimentícios industrializados à base de milho, com grnde quantidade de aditivos químicos, são um dos fatores de ganho de peso, mas, do ponto de vista do crescimento são considerados fantásticos. Kenneth Rogoff, em seu artigo O Capitalismo das Coronárias(O Estado de S.Paulo, 3/02/2012, p.B7), analisa a obesidade influindo economicamente de
várias maneiras na expectativa de vida, desde as moléstias cardiovasculares até alguns tipos de câncer, afetando a qualidade de vida dos cidadãos adultos e de jovens e crianças.Especialmente nos Estados Unidos. 
     Com isso, não só os pacientes individualmente, mas toda a sociedade, via sistema de saúde, arca com tais ônus. Há a perda de produtividade, o aumento dos custos nos transportes e outros fatores-problema.
     O economista Rogoff observa que grandes empresas agrícolas agrícolas dos Estados Unidos são pagas para cultivar o milho(até subsidiadas pelo governo) e de outro lado, as indústrias de alimentos adicionam toneladas de substâncias químicas, fator desencadeador do hábito vicioso do consumo.
     Os cientistas, colaborando nesse empreendimento, são pagos para encontrar a mistura exata de sal, açúcar e substâncias químicas que tornam o alimento instantâneo, criando então a enorme dependência.
     Ainda, as empresas de publicidade são pagas para divulgá-lo; e, no final, a indústria da saúde ganha fortunas tratando da doença, que é o resultado dessa interação econômica.
     Esse 'capitalismo das coronárias' é fantástico para um mercado de ações, vinculado às empresas de todos os setores referidos, e vitais para as áreas de pesquisa ,publicidade e assistência médica.
     Assim, enquanto as forças do mercado agem estimulando a inovação, o que permite baixar continuamente o preço dos alimentos industrializados, de outro lado, diga-se, o preço dos bons e velhos produtos da horta subiram.
     Os consumidores recebem pouquíssimas informações nas escolas, nas bibliotecas ou nas campanhas de saúde, antes são bombardeados pela publicidade. As crianças são cooptadas pelos canais de TV pagos, e nisso está incluída a indústria alimentícia.
      Forma-se um circuito em que produtores não são incentivados a absorver os prejuízos causados ao ambiente, e os consumidores
não equacionam  os custos da saúde, causados por suas escolhas de 
alimentação.
      Se há toda uma dinâmica patológica que envolve legislação, política e economia, faz-se necessário a longo prazo encontrar um equilíbrio entre a soberania dos consumidores e o paternalismo das instituições, oferecendo melhores informações, de variadas fontes, possibilitando escolhas de consumo e decisões apropriadas. Fundamentos históricos e biológicos se inter-relacionam: o produto alimentar é fator e efeito da saúde global. Sujeitos e Ambientes interagem de modo responsável e/ou alienado, de acordo com a cultura que os informa, por seus paradigmas ou conceitos existenciais, no caso presente, sua matriz de produção e consumo.
                                           E.E. "Professora Olga Benatti"
                                            10/08/2012    Claudia_Nk